Dificilmente alguém morreria por um justo, embora por uma pessoa boa alguém talvez tenha coragem para morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida! Romanos 5:7-10
Pessoas justas não são fáceis. Não são subornáveis. Não têm lado. São isentas. Quem daria sua vida por elas? Pessoas boas são acessíveis. São tolerantes e demonstram boa fé. São generosas. Talvez alguém se animasse a dar sua vida em troca das vidas delas. Ocorre que o diagnóstico das Escrituras a nosso respeito é muito claro: Não importa se os seres humanos são justos, bons ou maus, todos são pecadores diante de Deus. Todos os seres humanos estão encerrados por Deus debaixo da desobediência (Rm 11.32) e, por esta razão, carecem da glória de Deus (Rm 3.23).
É justamente quando não há nenhuma esperança de redenção que Deus oferece Sua misericórdia na pessoa de Jesus Cristo, o Deus-homem, humilhado na cruz, mas exaltado em glória mediante a ressurreição. É assim que Deus prova Seu amor pelos seres humanos (Rm 5.8). E vai além. Não apenas justifica os pecadores e os salva de Sua própria ira. Ele também os reconcilia consigo mesmo. Traça um novo rumo para uma vida de relacionamento íntimo com Ele, mediante a natureza santa de Cristo implantada nos salvos. É algo grandioso e além do nosso entendimento: Cristo em vós! (Cl 1.27)
Acontece que toda esta obra magnífica de Deus nos salvos tem a sua contrapartida. O Senhor lhes dá as condições para renegar seu passado pecaminoso e a cada dia oferecer mais uma parte de seu ser a Deus, pelo Espírito que neles habita, e que alimenta a natureza de Cristo neles implantada. A luta do cristão não é, nem nunca foi, por sua salvação, mas sim por sua santificação. E essa luta não cessa até o final da vida.
O apóstolo, ao mencionar a morte de Cristo como causa indispensável para a reconciliação com Deus, apresenta a vida de Cristo como fonte inesgotável da salvação e da santificação. Se pela morte de Cristo você é uma nova pessoa diante de Deus, o que será que a vida de Cristo em você representa? É a garantia de Deus de que o Cristo vivo, que ascendeu ao trono de Deus e está glorificado, estará presente em sua vida até o final, e depois com você na eternidade.
Este é o simbolismo da Ceia do Senhor. Cristo está vivo. Nós o temos vivo em nosso coração. Por meio da ação do Espírito estamos sendo transformados segundo a sua imagem (Rm 8.26-30). Todavia, por meio da celebração da Ceia do Senhor, desconsideradas as posições de transubstanciação ou consubstanciação do pão e do vinho, ou da posição de ser apenas um memorial, cremos na presença espiritual de Jesus Cristo na Ceia; que o pão e o vinho são símbolos de sua presença e que, mediante a fé, somos alimentados por sua vida.
Em conclusão, somos salvos a cada dia porque Jesus está vivo. Somos salvos a cada dia pela obra do Senhor em nos preservar, mediante as disciplinas espirituais (leitura bíblica, meditação, oração, jejum, testemunho etc.). Somos salvos a cada dia pela celebração constante da Ceia do Senhor. Somos salvos a cada dia pela radiante vida de Cristo em nós!
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Por: Rev. Wilson do Amaral Filho