— Eu sou a videira, vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim vocês não podem fazer nada. João 15:5
Jesus Cristo fez muito uso das figuras de linguagem para representar as coisas que ensinava, tanto aos seus discípulos quanto às outras plateias. Não fugiu nem do uso de comparações do Antigo Testamento, nem da cultura de seu tempo. O que o diferenciava dos outros mestres era sua autoridade (Mt 7.29).
Quando disse “eu sou a videira”, estava rodeado de discípulos no cenáculo da última ceia. O termo lhes era muito familiar, pois a videira era comum em Israel. Sua representação estivera desde sempre nas portas entalhadas do templo de Salomão. Deus havia plantado uma vinha na terra prometida a Abraão (Sl 80.8). Agora, Jesus afirmava ser a videira verdadeira, infalível, suficiente para dar vida e alimentar os ramos.
Quando ele chamou os discípulos de “ramos” da videira, ensinou que a verdadeira vida proposta por Deus é aquela em que o ramo vem à vida a partir da videira, é alimentado a partir dela, e frutifica a seu tempo por causa dela. Não há qualquer possibilidade de um ramo, sem ligação com a videira, enxertar-se nela, vir a ter vida genuína e dar frutos.
Mais que esta verdade, a ênfase da passagem está na permanência do ramo na videira. No contexto lemos que aquele que permanece na videira dá frutos. Isto significa que nossas obras nada valem para sermos salvos, uma vez que a salvação é totalmente providenciada por Deus, Seu único autor e realizador. Todavia, permanecer na videira é alimentar-se de sua seiva e, em resposta, dar frutos. Isto significa que uma vez salvos por Cristo e ajudados permanentemente pelo próprio Espírito, nossas obras indicam e testemunham nossa perseverança no Evangelho e dão glória a Deus perante o mundo distante do Senhor, que precisa desesperadamente da videira verdadeira.
Em outra parte deste capítulo, Jesus afirma que Deus limpa os ramos que dão fruto, para que deem mais fruto ainda. Isto significa que Deus corrige, disciplina, purifica aqueles que estão refletindo as obras de Cristo em sua vida, para que tais obras sejam ainda melhores e maiores. Você pode saber com clareza se está na videira pela correção que recebe.
A parte final do nosso texto é simplesmente desencorajadora para quem pensa em ser autossuficiente: “sem mim vocês não podem fazer nada”. O fato é que não podemos, mas queremos. Os cristãos frequentemente se veem agindo pelas próprias forças, resolvendo problemas sem consultar a Deus, vivendo como se já tivessem toda a plenitude do conhecimento. Tais obras são agradáveis a Deus?
Viver na dependência de Cristo não é anular a criatividade, a competência , a iniciativa nem as aspirações pessoais. É submeter tudo isto à autoridade do Senhor Jesus, para que tais coisas redundem em frutos para a glória de Deus e para nosso contentamento.
Viver na dependência de Cristo é alimentar-se do Senhor. É recusar o ímpeto do velho homem. É esperar nele para viver e cumprir nosso ministério cristão. Nossas obras só têm significância a partir da salvação recebida de graça e da santificação que apenas começou, se permanecermos em Cristo e estivermos conscientes da nossa total dependência.
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Por: Rev. Wilson do Amaral Filho