Abraão tinha noventa e nove anos de idade quando foi circuncidado na carne do seu prepúcio. Ismael, seu filho, tinha treze anos quando foi circuncidado na carne do seu prepúcio. Abraão e seu filho, Ismael, foram circuncidados no mesmo dia. E também foram circuncidados todos os homens de sua casa, tanto os escravos nascidos nela como os comprados de estrangeiros. Gênesis 17:24-27
Se nosso título trata do batismo cristão, por que recorrer a um texto que trata de circuncisão? Porque ele descreve o dia da implantação do sinal de iniciação do povo de Abraão, como sombra do batismo que haveria de ser instituído por Jesus Cristo, o sinal da iniciação cristã. Compare Atos 2.41
É importante recordar como se chegou à circuncisão. Em primeiro lugar, Deus chamou Abrão e lhe fez promessas: Farei de você uma grande nação, e o abençoarei, e engrandecerei o seu nome. Seja uma bênção! Abençoarei aqueles que o abençoarem e amaldiçoarei aquele que o amaldiçoar. Em você serão benditas todas as famílias da terra. (Gn 12.2,3). Em obediência a Deus, Abrão peregrinou pela terra prometida a ele, crendo nas promessas do Senhor, como se vê na conversa com Deus: — Tu não me deste descendência, e um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro. E eis que a palavra do Senhor veio a ele, dizendo: — Esse não será o seu herdeiro. Pelo contrário, aquele que será gerado por você, esse será o seu herdeiro. Então o Senhor levou-o para fora e disse: — Olhe para os céus e conte as estrelas, se puder contá-las. E lhe disse: — Assim será a sua posteridade. Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi atribuído para justiça. (Gn 15.3-6).
Em segundo lugar, Deus fez uma aliança com Abrão, dizendo: — Eu sou o Deus Todo-Poderoso; ande na minha presença e seja perfeito. Farei uma aliança entre mim e você e darei a você uma descendência muito numerosa. Abrão se prostrou com o rosto em terra e Deus lhe falou: — Quanto a mim, esta é a minha aliança com você: você será pai de muitas nações. O seu nome não será mais Abrão, e sim Abraão, porque eu o constituí pai de muitas nações. Farei com que você seja extraordinariamente fecundo. De você farei surgir nações, e reis procederão de você. Estabelecerei uma aliança entre mim e você e a sua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o seu Deus e o Deus da sua descendência. (Gn 17:1b-7)
Em terceiro lugar, Deus instituiu o sinal visível da aliança: Esta é a aliança que vocês guardarão entre mim e vocês e a sua descendência: todos do sexo masculino que estão no meio de vocês deverão ser circuncidados. Vocês devem circuncidar a carne do prepúcio e isso servirá como sinal de aliança entre mim e vocês. O menino que tem oito dias será circuncidado entre vocês. Todos do sexo masculino nas suas gerações devem ser circuncidados, também o escravo nascido em casa e o comprado de qualquer estrangeiro, que não for da sua linhagem. (Gn 17.10-12)
Constatamos que a circuncisão não era sinal de arrependimento e fé de Abraão, e sim da aliança que Deus estabelecera com ele, em seu favor e em favor de sua descendência. Ao circuncidar todos os homens da sua casa no mesmo dia, Abraão agiu com fé e obediência a Deus, incluindo-os nas promessas da aliança. Constatamos ainda que Abraão (e todos os homens de sua casa) foi escolhido por Deus e não o contrário, para receber a circuncisão como sinal da aliança. Constatamos, finalmente, que Deus estava agindo com graça e separando para Si mesmo uma família especial, que O servisse e andasse em Seus caminhos no decorrer das gerações. Dessa família veio Jesus Cristo, o Filho de Deus, que nos redime e nos deu o batismo como sinal da iniciação cristã.
Assim, na mesma linha da circuncisão, o batismo é o sinal da aliança de Deus para os convertidos ao evangelho e seus descendentes. É também o sinal da eleição graciosa de Deus, do sacrifício vicário de Cristo em favor dos salvos, da obra regeneradora do Espírito Santo. Quando alguém confessa a Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal, deve responder publicamente submetendo-se ao batismo; e esforçar-se por incluir seus descendentes nessa aliança, também pelo batismo, na esperança de que confessarão a Cristo como seu Salvador e Senhor, no tempo de sua conversão a Ele.
Foto: Arquivo IPJ
Por: Rev. Wilson do Amaral Filho