Eu lhe darei as chaves do Reino dos Céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus; e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus. Mateus 16.19 — Em verdade lhes digo que tudo o que ligarem na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligarem na terra terá sido desligado nos céus. Mateus 18.18
Quando Jesus foi julgado por Pilatos, às vésperas de ser crucificado, a acusação dos judeus incluía a narrativa de que o Senhor queria ser rei dos judeus. No diálogo que se seguiu, Jesus afirmou que seu reino não era deste mundo (Jo 18.36), dando a entender que essa acusação não era apenas falsa, mas também de absoluta ignorância a respeito dele e de sua missão no mundo.
Na verdade, a terra como a conhecemos é apenas uma pequeníssima parte de tudo quanto Deus governa, porque Ele é Criador e Senhor de todas as coisas. O salmista ora a Deus como sendo um rei que tem um reino: Todas as tuas obras te renderão graças, Senhor; e os teus santos te bendirão. Falarão da glória do teu reino e confessarão o teu poder, para que os filhos dos homens conheçam os teus feitos poderosos e a glória da majestade do teu reino. O teu reino é um reino eterno, e o teu domínio subsiste por todas as gerações. Sl 145.10-13a
O reino de Deus e de Cristo, portanto, é maior que este mundo e o inclui. Ainda que pareça atrapalhar, o caos humano gerado pelo pecado não interfere em Seu reinado e em Seus propósitos eternos de redenção da igreja e da criação. No último dia Seu reino será visível a todos.
A maravilhosa notícia é esta: os salvos não apenas foram incluídos no reino do Senhor, mas estão incumbidos de ligarem tudo ao reino de Cristo ou desligarem tudo do Seu reino enquanto vivem aqui na terra. Na primeira passagem (Mt 16.19), Jesus declara a Pedro que o apóstolo terá esta responsabilidade. Certamente todos os apóstolos receberam a mesma atribuição. Na segunda passagem (Mt 18.18), Jesus declara que toda a igreja tem esta responsabilidade.
Considerando que o governo de Deus se discerne espiritualmente, as atribuições da igreja de ligar e desligar são atividades de natureza espiritual também. Ao levarmos pessoas ou situações ao governo de Cristo, estamos ligando-as ao Seu reino. Ao tratarmos de um faltoso ou de situações incorrigíveis, devemos buscar a aplicação da disciplina sob exclusiva orientação da Palavra, e assim estamos desligando-as do Seu reino.
Isaías lembra: Quão formosos são sobre os montes os pés do que anuncia boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: “O seu Deus reina!” (Is 52.7). Jesus ordena: — Vão por todo o mundo e preguem o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. (Mc 16.15). Ligar é pregar e viver o Evangelho de Cristo para que outros creiam, venham a fazer parte do reino dos céus.
Cristo ensina: — Se o seu irmão pecar contra você, vá e repreenda-o em particular. Se ele ouvir, você ganhou o seu irmão. Mas, se não ouvir, leve ainda com você uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda questão seja decidida. E, se ele se recusar a ouvir essas pessoas, exponha o assunto à igreja; e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, considere-o como gentio e publicano. (Mt 18.15-17). O pecado contumaz e sem arrependimento, comprovado pela Palavra e não por nosso gosto, precisa ser tratado mediante disciplina que envolve a exclusão da santa comunhão cristã. Cristo determina à igreja que desligue o impenitente do reino.
Este é o reino e estas são as chaves: a primeira chave é pregar o Evangelho e perseverar nele. A segunda chave é disciplinar o impenitente incorrigível que não se arrepende, não persevera no Evangelho e excluí-lo da comunhão do povo de Deus. Cristo deu estas chaves à igreja para que ela seja participante e leal ao Seu reino. Que sejamos sóbrios ao usá-las.
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Por: Rev. Wuilson do Amaral Filho