Foi nesse tempo que se começou a invocar o nome do Senhor. Gênesis 4:26
A história bíblica registra o tempo maravilhoso em que nossos primeiros ancestrais habitavam no jardim de Deus. A Bíblia alude a esse tempo de inocência, no qual Adão e Eva tinham o privilégio de ouvir a voz de Deus na viração do dia, sem medo algum dele. Com a decisão de se tornarem semelhantes a Deus por meio da desobediência às suas ordens, tal comunhão desapareceu, o medo e a vergonha tomaram conta dos corações de ambos, e as relações com Deus foram cortadas.
Expulsos do jardim, nossos pais devem ter aprendido a orar e a buscar o cuidado de Deus para si, uma vez que a narrativa bíblica contém os relatos dos sacrifícios de Caim e Abel ao Senhor. Onde aprenderam isto, senão de seus pais? Lamentavelmente a queda mostrou a que veio e revelou que existem orações e orações. Algumas sobem aos céus, como a de Abel, enquanto outras são palavras ao vento, meramente (cf. Lc 18.9-14).
Desde cedo a tragédia se instalou na história humana, porém, por meio de Sete, o terceiro filho de Adão e Eva, se começou a invocar o nome do Senhor. Certamente o sentido do texto aponta para uma atividade religiosa mais elaborada, em que estava, com toda a certeza, a oração, o falar com o Senhor, seja para pedir-lhe algo, confessar erros, agradecer-lhe as bênçãos ou louvá-lo por sua soberania. A oração, portanto, tem sido uma das atividades humanas mais antigas da história e os crentes do Antigo e do Novo Testamento a praticaram.
Ao longo do percurso da Igreja de Cristo na terra, a oração é parte essencial da vida espiritual dos cristãos. D.G. Bloesch afirma que “a oração é considerada tanto uma dádiva quanto uma tarefa. Deus toma a iniciativa (cf. Ez 2.1-2; Sl 50.3-4), mas o homem deve corresponder.” E ainda escreve: “a oração está arraigada tanto na experiência de sentir-se longe de Deus, quanto na sensação da presença de Deus. É inspirada tanto pela necessidade que se sente de Deus, como pela Sua obra de reconciliação e redenção em Jesus Cristo.” Orar é dever e privilégio sublime!
É pela oração que importunamos a Deus e nos submetemos a Ele. É pela oração que nossa fé é exercitada. É pela oração que demonstramos o quanto Deus é importante para nós. Devemos aplicar aqui o conceito de semeadura e colheita (cf. 2Co 9.6), ainda que nesse texto específico de Paulo, o apóstolo tenha se referido a outro aspecto da vida cristã. Quanto mais oramos, mais nos tornamos sensíveis à Palavra de Deus, à vontade de Deus, às necessidades pessoais e às do próximo. Dedicar tempo à oração como semeadura trará colheita abundante da graça de Deus; nosso amor por Ele e confiança em sua pessoa crescerão.
Sendo tão importante para a saúde espiritual do crente em Cristo, a oração foi intensamente praticada pelo próprio Senhor Jesus. Por meio dela, Ele aprendeu a obediência e foi grandemente recompensado (Hb 5.7-10). Também livrou-se das incontáveis ciladas do diabo, como mostram os evangelhos, recomendando aos discípulos que fizessem o mesmo (Mt 26.41). Demonstrou poder sobre enfermidades e espíritos malignos (Mc 9.29). Manteve dependência real e amizade profunda com Deus, o Pai (Jo 17).
Por que devemos orar? Porque se não o fizermos, nossa vida espiritual estará descumprindo um compromisso com nosso Senhor e Salvador. Nossa existência cristã será inexpressiva e sem valor. Nossa ignorância da vontade de Deus será tremendamente aumentada. Nossa intimidade com Deus será nula! Mas, se invocarmos o nome do Senhor pela oração, a qualquer tempo e em qualquer circunstância, nossa vida será pródiga da graça de Deus e repleta de experiências espirituais importantes para o desenvolvimento da nossa fé e santidade.
Foto: IPJ
Por: Rev. Wilson do Amaral Filho