Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que vive com integridade, que pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; aquele que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho. Salmos 15.1-3
O capítulo seis do segundo livro de Samuel conta como Davi fez chegar a arca da aliança a Jerusalém. Ele havia conquistado Jerusalém (2Sm 5.7), estabelecido o trono na cidade e agora se dispunha a torná-la o centro religioso de Israel. O transporte da arca da casa de Abinadabe, de Baalá de Judá para Jerusalém, não foi fácil. Custou a morte de Uzá, uma pausa de três meses nos quais a arca permaneceu na casa de Obede-Edom, para, finalmente, vir a Jerusalém.
O motivo para tanta dificuldade foi o choque entre a santidade de Deus e as ações das pessoas. A arca em si era um utensílio consagrado ao culto divino, porém o Senhor demonstrava sua santidade por meio dela. A arca fazia parte do complexo do tabernáculo, o lugar determinado por Deus para os sacrifícios e ofertas a Ele, e local onde havia se manifestado inúmeras vezes.
Assim posto, podemos entender melhor a pergunta de Davi: Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem poderá morar no teu santo monte? Diante da grandeza e santidade de Deus não há mortal que, de sã consciência, tenha a menor possibilidade de estar perante o Senhor por seu próprio mérito. Todos os que tiveram teofanias do Senhor temeram. Nossa melhor resposta a Davi seria: ninguém pode estar na presença do Senhor sem que morra!
Todavia, ainda que não conhecesse o mistério da graça, Jesus Cristo, Davi conhecia e sempre experimentava a graça de Deus. Ele tinha a resposta inspirada para suas perguntas. Nós vamos meditar apenas na primeira parte da resposta, que se compõe de três afirmações positivas e três afirmações negativas.
As afirmações positivas são: 1) Aquele que vive com integridade, 2) que pratica a justiça, e 3) de coração, fala a verdade. São afirmações morais que identificam o próprio Deus e aqueles que andam sob sua graça, mediante a fé. Ninguém é tão íntegro, justo e verdadeiro quanto o Senhor. E é o próprio Deus quem concede aos seus filhos o poder para uma vida de integridade, a força para a prática de atos de justiça e a vontade íntima para expressarmos a verdade. Uma pessoa conduzida pelo Senhor, primeiro pela salvação que há em Cristo, depois pela santificação produzida pelo Espírito e pela Palavra, pode dizer com segurança, mediante a fé, que habita no tabernáculo do Senhor e tem convivência abençoada com Ele, em Cristo.
Em contrapartida, o salmo também apresenta afirmações negativas que precisamos atentar: 1) aquele que não difama com sua língua, 2) não faz mal ao próximo, 3) nem lança injúria contra o seu vizinho. Para estar no tabernáculo de Deus e em sua companhia, seus filhos não difamam – evitam falar coisas que prejudicam a outros; não praticam maldades – demonstram amor ao próximo e lhe fazem o bem; não são caluniadores – restringem completamente a calúnia, a intriga, a maledicência em relação ao próximo, evitando repassar notícias falsas.
Estas coisas não são invenções do salmista. São a vontade expressa de Deus no nono mandamento do decálogo: — Não dê falso testemunho contra o seu próximo. (Ex 20.16).
A intimidade do crente com Deus e a obediência ao seu mandamento se revelam por uma vida íntegra, o exercício da justiça, a verdade saída do íntimo do coração, o bom uso da língua em relação ao próximo, o pagamento do mal com o bem e o cuidado quanto à injúria. Se queremos estar na presença de Deus precisamos rever nosso modo de ser todos os dias!
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Por: Rev. Wilson do Amaral Filho