Convencidos ou convertidos?

Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este, de noite, foi até Jesus e lhe disse: — Rabi, sabemos que o senhor é Mestre vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que o senhor faz, se Deus não estiver com ele. Jesus respondeu: — Em verdade, em verdade lhe digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus. Nicodemos perguntou: — Como pode um homem nascer, sendo velho? Será que pode voltar ao ventre materno e nascer uma segunda vez? Jesus respondeu: — Em verdade, em verdade lhe digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. João 3:1-5

O encontro de Nicodemos com Jesus, registrado no evangelho de João, traz à luz uma questão muito importante relacionada à nossa salvação: basta estarmos convencidos de que Jesus morreu na cruz para nos libertar dos nossos pecados e da condenação eterna, ou necessitamos de conversão a Cristo para sermos salvos?

A resposta parece óbvia, mas devemos avançar na reflexão a respeito dela. Veja a iniciativa de Nicodemos. Era um fariseu, ou seja, um estudante meticuloso e praticante rigoroso da lei. Era um dos principais dos judeus, ou seja, alguém influente na comunidade por sua liderança religiosa. Estava realmente convencido de que Jesus era Mestre vindo da parte de Deus, e que Deus estava com ele. Em nosso diagnóstico poderíamos pensar que Nicodemos era um convertido, porém Jesus lhe mostrou que necessitava da verdadeira conversão para ver e entrar no Reino de Deus.

Assim como muitos outros judeus, Nicodemos poderia pensar que estando envolvido com a religião, praticando seus ritos, sendo descendente dos patriarcas e da aliança de Deus feita com Abraão, não precisava de conversão. A demanda de Jesus por novo nascimento parecia não fazer sentido para ele. Devia ele voltar ao ventre de sua mãe para viver novamente e seguir pelo mesmo caminho religioso? Era isso que Jesus queria?

Pensemos, então, em nossa situação espiritual. Como foi que chegamos a conhecer Jesus Cristo? Estamos convencidos de que ele é o Filho de Deus que veio ao mundo para nos salvar? Estamos convencidos de que Sua Palavra é a verdade de Deus para nossa vida espiritual? Estamos convictos de que frequentar a igreja, ler a Bíblia e orar é o que Ele nos pede para sermos salvos?

Há muitas pessoas que pensam exatamente assim. Estão repletas de informações cristãs e até demonstram conhecimento teológico. Sabem tudo a respeito da história da igreja, memorizam versículos, repetem expressões das saudações cristãs, contribuem e participam das reuniões da igreja. Por fazerem tudo isto são convertidas?

Jesus confrontou o mestre Nicodemos afirmando a necessidade do novo nascimento, por meio da água e do Espírito. Para um judeu, a água era símbolo de purificação. Ele lavava suas mãos muitas vezes durante o dia, por conta das prescrições religiosas, como um ato de purificação externa. Todavia, Jesus lhe apresentou a necessidade de purificação interna mediante o lavar do Espírito, como Paulo bem definiu: ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo (Tito 3:5).

Estar convencidos não basta. Todos precisamos de conversão a Cristo. O novo nascimento é produzido por Deus mediante Seu Espírito e Sua Palavra, como lembra Jeremias: Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no seu coração as inscreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. (Jeremias 31:33). O novo nascimento conduz o pecador ao arrependimento de suas obras, de sua condição espiritual caída e lhe transmite fé em Jesus Cristo. Seu coração e mente são transformados. Ele é levado a uma espiritualidade e relação com Deus que nunca tivera antes, e que jamais terá fim.

Nicodemos deu demonstrações de ter sido convertido, como mostram as passagens de João 7:50-52; 19:40. E quanto a nós? Houve, de fato, arrependimento da nossa vida pecaminosa? A fé em Cristo nos possui hoje? Nossa vida tem sido outra depois que conhecemos a Jesus Cristo? É tempo de investigar nosso coração: estamos apenas convencidos ou realmente convertidos a Ele?

Foto: Freepik

Por: Rev. Wilson do Amaral Filho

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