Não é fato que o cálice da bênção que abençoamos é a comunhão do sangue de Cristo? E não é fato que o pão que partimos é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão. 1 Coríntios 10.16,17
No estudo do Catecismo de Heidelberg estamos revisitando os sacramentos considerados bíblicos pela igreja reformada, a saber, batismo e ceia do Senhor. Por que a igreja presbiteriana considera somente estes dois sacramentos como válidos biblicamente? Por que são tão importantes?
Porque, por meio da Palavra de Deus, Sua santa revelação: a) Jesus Cristo instituiu e determinou apenas o batismo e a ceia (Mt 28.19; Mc 16.16; Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.14-20; 1Co 11.23-29); b) a prática destes sacramentos deve acontecer até a volta de Cristo (1Co 11.26); c) o batismo é um sinal visível da conversão do coração a Cristo, e como o confessamos para pertencermos à igreja do Senhor. A ceia é um sinal visível da comunhão do convertido com Cristo, e o modo como crescemos na fé e na comunhão da igreja do Senhor. d) ambos os sinais são meios de graça pelos quais Deus alimenta Seu povo, servindo-se deles para confirmar e fortalecer a fé dos salvos.
Volte sua atenção para o início do capítulo dez de 1Coríntios. Lá está registrado: Ora, irmãos, não quero que vocês ignorem que os nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, e todos, em Moisés, foram batizados, tanto na nuvem como no mar. Todos eles comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual. Porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. (1Co 10.1-4). Vamos pensar…
Observe que a passagem dos israelitas pelo mar em seco foi determinada pelo Senhor (Ex 14.14,15,22). Claramente significa o rompimento do estado de escravidão do povo, por mais de quatrocentos anos, para a liberdade e posse da terra prometida. Estar sob a nuvem e passar pelo mar em seco, embora sendo uma caminhada para o outro lado do mar, adquiriu um significado espiritual chamado batismo. Segundo as Escrituras, todas as pessoas do povo de Deus foram batizadas naquele dia!
Uma vez liberto, o povo clamou por pão e Deus lhe deu o maná (Ex 16.4). Quando clamou por água, Deus lhe deu água vertida da rocha (Ex 17.6). A nenhum outro povo foram concedidos o maná e a água da rocha. O apóstolo Paulo afirma que a comida e a bebida administradas por Deus, ainda que sendo para sustento físico dos israelitas, adquiriram um significado espiritual. Paulo os chama de alimento e bebida espirituais, pois foi deste modo que Deus mostrou a todos Seu divino cuidado, enquanto fortalecia e sustentava a fé dos fiéis.
No texto de 1 Coríntios 10.16,17, podemos concluir que Paulo está utilizando perguntas para afirmar que o cálice da bênção que abençoamos é a comunhão do sangue de Cristo! Veja que o apóstolo chama a ceia instituída por Jesus de “cálice da bênção” e “comunhão do sangue de Cristo”. Em seguida afirma que o pão que partimos é a comunhão do corpo de Cristo [e] embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão. Somos assim, participantes do único pão, Cristo, quando participamos da ceia.
Ainda que, para alguns, o sacramento da ceia pareça tratar-se apenas de um simples memorial, a Palavra de Deus nos mostra muito mais do que uma simples lembrança do sacrifício vicário de Cristo em nosso favor. Os sacramentos são sinais visíveis da vida de Cristo presente na vida dos salvos. Além da Palavra, que revela a graça do ser de Deus, Cristo nos alimenta com Sua preciosa vida e poder, por meio do batismo e da ceia.
Cristo não está fisicamente nem no pão nem no cálice. Cristo não está fisicamente presente no batismo ou na ceia. Estas são crenças estranhas. Entretanto, por Seu Espírito no coração e na mente dos salvos, Cristo nos alimenta como se o fizesse a seu próprio corpo e tem comunhão pessoal e particular conosco, quando vivemos na realidade dos sacramentos que instituiu – Batismo e Ceia.
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Por: Rev. Wilson do Amaral Filho